Sou água suja que escorre pela latrina,
suja de um amor desgraçado, triste e impregnado.
É a minha decadência,
meus sonhos indo embora ralo abaixo.
Água que escorre e arrasta o lixo
que vai obstruir o bueiro.
E o lixo é tudo o que me tira o sossego,
é o peso dos desejos destrutivos e inquietantes.
E quando cair a chuva, chuva dos meus olhos,
grande enchente se fará no peito e me afogará o coração.
Asfixiado talvez seja mais fácil
e me conduza ao fim de tudo o que me suja.
o fim é só o começo, o livramento da dor e do desejo
que me empurram pelo meio fio até a boca da latrina.
Quero rolar ralo abaixo.
Chico Freitas
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