quarta-feira, 30 de junho de 2010

Esperar

Só espero
o tempo todo espero
já estou farto
já não posso esperar

Cansei de permanecer
parado à espera
de tudo o que quero
enquanto o tempo passa

Permaneço aqui parado
e não conquisto nada
sem vitórias para mim
sem glórias, nem nada

Preciso ir em busca
dos meus objetivos
mas ainda não sei
por onde começar

Chico Freitas

Sem sentido

Às vezes só quero entender o porquê
descobrir a razão pela qual
as coisas acontecem desse jeito
não há explicações

Perco-me na ideia que busco
e não encontro o caminho
busco aquelas respostas
que ninguém pode me dar

É tudo em vão, eu sei
tentar entender as razões
é explorar uma mina
sem lanternas, no escuro

E embora a ciência afirme
que tudo tem uma explicação
percebo que há coisas
de que nem Deus sabe a razão

Chico Freitas

terça-feira, 29 de junho de 2010

Perdido no tempo

Me sinto perdido
não sei onde estou
nem quando estou
não sei o que fazer
para recuperar o tempo
que passou

Olho para o relógio
o tempo não para de correr
corre mais do que eu
o tempo corre
e não posso alcançá-lo

Como eu queria
poder prender o tempo
em meu pulso
travar meu relógio
e fazer o mundo
parar de girar
tão depressa

Não consigo
e me sinto perdido
uma vítima
de um tempo
que vai sem limites
sem freios
que me atropela
que me desnorteia
e que me deixa assim
perdido

Chico Freitas

No escuro

Sinto medo
está tão escuro
não consigo ver nada
tenho medo do desconhecido
medo do que não posso ver

Está tão escuro aqui
que não posso ver
onde pisei
e o que ficou para trás
deixei minhas marcas no chão
mas não posso mais vê-las

Vou tateando as paredes
tentando chegar a algum lugar
onde haja ao menos um foco de luz
para que eu possa ver
o que deixei pelo caminho

Ouço uma voz
-és tu, amor?
só tu podes ascender a luz
porque foste tu
quem desligou o disjuntor

Chico Freitas

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Tempestade

Chove forte lá fora
ouço o barulho no telhado
e isso me faz lembrar
que você já não está

Trovejando em meu peito
está meu coração
que se parte por inteiro
porque você já não está

Se tanto chove lá fora
ainda mais forte chove
aqui dentro de mim

É o meu coração que chora
bem mais forte que lá fora

Porque você está em mim
e eu não estou mais em você
estou sem abrigo
estou sob a chuva
estou perdido e molhado
com frio

E volto a pensar
e a lembrar
que você já não está

Chico Freitas

Mudanças

Por ti mudei meu modo de ser
por ti me tornei alguém melhor
melhor do que já era
ao menos, melhor para ti

Mas já era tarde
mudanças não ocorrem
da noite para o dia
para mudar é preciso
tempo para aprender
a reconhecer os erros
e a enumerar os defeitos
e assim corrigi-los

Por ti mudei
mas já me havias dito adeus
e de que adiantou mudar
se nem tiveste a possibilidade
de ver o resultado?
valeu-me muito
porque não mudei só por ti
mudei para todo o mundo
mudei para mim
e me sinto melhor assim

E eu te agradeço
pois não sei
se haveria mudado
minhas atitudes
sem a tua ajuda
sem a tua cobrança

Hoje sou bem melhor
que ontem

Chico Freitas

Companheira solidão

Entre as sombras e o silêncio
me dou conta de que estou só
e que não há nada ao meu redor
não há nada, nem ninguém
somos apenas eu e a solidão

Estar só pode ser triste
pela amargura de sentir
que ninguém me quer por perto
que não há alguém disposto
a querer minha companhia

Mas solidão pode não ser castigo
pois é sozinho que eu consigo
parar o mundo, que para os outros
nunca para de girar

E quanto todo o mundo para para mim
é que eu consigo pensar mais a fundo
mergulhar nas profundezas do meu ser
para entender o que sou
e por que sou assim

Venço a dor e a tristeza
pois me dou conta
de que a felicidade está em mim
só preciso saber localizá-la

Chico Freitas

domingo, 27 de junho de 2010

Encontros

Olhos que se encontraram
no caminho
caminho que até então
era perdido
era um caminho perdido
até que o meu olhar
e o teu se encontraram

E era uma linda tarde
de outono alaranjado
folhas caindo e a brisa
soprava em nós o encanto
foi quando minhas mãos
e as tuas se encontraram

E foi na mesma tarde
de aquarela e Van Gogh
quase sem perceber
que o meu coração
e o teu se encontraram

E agora, unidos
batem no mesmo ritmo
na mesma batida
a batida daquela canção
que tocava de fundo
quando outro encontro ocorreu
quando meus lábios
e os teus se encontraram

No nosso amor a chama
ardia intensamente
era incêndio
numa noite fria
do inverno cinzento
e no calor dos lençóis
meus órgãos de amor
e os teus se encontraram

E hoje eu pergunto:
por que, então, agora
o meu caminho
e o teu se perderam?

Chico Freitas

sábado, 26 de junho de 2010

Conjugações

EU desejo-te ardentemente
TU desejas estar em seus braços
ELE deseja prazer por um instante

EU poderia ser teu eterno amante
TU poderias ter de mim o que quiseres
ELE não poderia amar-te tanto assim

EU estarei sempre por você
TU estarás sempre a desejá-lo
ELE estará sempre só

EU, TU, ELE...
não sabes o quanto eu queria
poder falar de NÓS

Chico Freitas

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Tecnoromance

Circuitos corrompidos
placas queimadas
drives desinstalados
pane no sistema!

Monitor quebrado
caixas de som mudas
teclado sem as teclas
mouse sem função

Vírus, falha de memória
e o sistema operacional
desatualizado, vencido

É assim...
assim me sinto
e foi você...
você...

Foi você quem me deixou assim
e assim fiquei, desde que te perdi
desde que te perdi, assim fiquei
quem me deixou assim foi você

Chico Freitas

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Manequim

Tens beleza
paciência
tens o dom do silêncio

És pura perfeição
pura fantasia
és de total simetria

Eu, no entanto
não devo, não posso
me apaixonar por ti

Não és mais
que um manequim


Chico Freitas

Estranha esfera

No fim todos querem
rodear-se dessa esfera
sentir a leveza
é estranho, mas é bom

No entanto, alguns se ferem
na angústia do que se espera
pelos que buscam mera beleza
ouve-se pranto em alto e bom som

É uma esfera estranha
uma esfera de mistérios
mui difícil compreender
as razões do criador

Todos a querem, uns fazem manha
não deveria, mas há critérios
todos querem conhecer
essa esfera que é o amor

Chico Freitas

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A primeira vez (do blog)

Olá! Bem vindo(a) ao meu espaço poético!

Inaugurando este novo blog, publico um poema que escrevi recentemente.


A primeira vez

Pele com pele
corpo com corpo
nudez
olhos nos olhos
lábios nos lábios
insensatez

Olhos atentos
órgãos sedentos
paixão
pelo, arrepio
poros, e o frio
é sedução

Pele, corpo, olhares, beijos, carícias, roçar
dentes, suspiros, gemidos, no gozo se amar

É aquilo
que sempre
irei recordar

Chico Freitas

Agradeço ao Thiago pelos três primeiros versos, soltos à toa numa conversa de MSN, traduzidos da música Nu-di-ty, da australiana Kylie Minogue.