sábado, 24 de dezembro de 2011

Era uma vez

Era uma vez um jovem príncipe
que vivia numa torre de marfim,
trancado por sua madrasta perversa,
e sonhava encontrar seu príncipe encantado.

Um belo dia logrou escapar
e saiu pelo bosque
em direção à cidade,
em busca de seu sonho dourado.

No meio do caminho viu um ogro,
que o fitava intensamente;
O príncipe, de medo, correu.

Chegou à cidade e lá viveu
por muito tempo
e vários príncipes conheceu.

Beijou, amou, deu, chorou.

Deu-se conta de que príncipes encantados não existem
ou, se existem, estão mais ocupados
tratando de tornar-se cada vez mais encantados
para ninguém.

E o jovem príncipe, desiludido,
deixou a cidade e casou-se com o ogro.

E foram felizes para sempre,
ou apenas em alguns momentos.

Chico Freitas

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Dormir é para os fracos

Dormir é o que me resta;
dormir sem querer acordar.

E então durmo o dia todo
e não me levanto da cama
nem para viver.

Porque de viver já me canso
e viver nesta realidade
é um duro tormento.

Dormindo sonho
e sonhando fujo da realidade
e da vida.

O sonho é mais doce,
mais belo e mais agradável
que esta realidade amarga, feia e incômoda
na qual estou fadado a viver.

Só quero dormir,
porque só quero sonho,
só quero fantasia.

Mesmo sem sono,
o que quero é dormir e sonhar
e não viver esta realidade impiedosa.

O sonho é a fuga, a saída,
e só quero fugir.

Chico Freitas

domingo, 18 de dezembro de 2011

What the hell means a life?

I don't wanna think,
just wanna talk.

I don't wanna breath,
don't wanna eat,
just wanna drink.

I don't wanna stay,
don't wanna go.

I don't wanna see the reality,
just wanna close my eyes.

I just wanna sleep,
don't wanna wake up anymore.

I don't wanna live,
just wanna cry.

I don't wanna answer anything,
just wanna ask...
What the hell means a life?

Chico Freitas

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Águas passadas

Rio que corre e me leva,
que me leva embora
lenta e tristemente,
exceto quando há corredeiras.

Já faz algum tempo que embarquei
sozinho em meu barco,
já estou longe de onde parti.

Parti das corredeiras que me davam medo,
mas isto já são águas passadas.

Mas as marcas das pedras ainda estão no casco
e ainda há uma poça no fundo do barco.
É água das corredeiras,
que ainda molha meus pés descalços
e apodrece aos poucos a madeira do barco.

Rio que me leva pra longe,
rio que corre agora manso,
que leva uma vida.

Rio que corre em mim
e vai.

Chico Freitas

domingo, 4 de dezembro de 2011

Não estou escrevendo

Só se escreve quando se ama
ou quando dói.

Escreve-se melhor se a dor domina;
bem melhor na dor que no amor,
embora amor e dor se relacionam
tanto na semântica quanto na rima.
Mas este poema não rima com nada,
não tem métrica, não tem nada,
nada mesmo!

É que não tenho mais amor
e, portanto, não há dor alguma em meu peito.
Estou curado, finalmente!
Droga!
Já curei-me!

Ou talvez eu esteja enganado;
talvez eu sinta dor e não sei;
talvez me angustie o fato de não ter o que escrever.

Mas cá estou... ESCREVENDO!
Escrevendo sobre não escrever,
mas escrevo.
É porque me dói não escrever
e amo escrever.

Já vê como amor e dor não existem um sem outro?

Chico Freitas

O dia em que te conheci

Te esqueci no dia em que te conheci...
no dia em que te conheci de verdade.

Não te amo mais, não te quero mais,
desde o dia em que te conheci...
o dia em que te conheci sem máscaras.

Te repudio desde o dia em que te conheci...
o dia em que te conheci sem sentimentos,
sem escrúpulos, sem amor.

Te esqueci no dia em que te conheci;
Não te amo mais, nem te quero, te repudio,
desde o dia em que te conheci.

Chico Freitas

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sem luz nem nada

De repente,
sombras.

E, logo,
preto.

Está tudo escuro
e nada vejo.

Negro céu sobre minha cabeça,
negro chão sob meus pés.

Tudo preto.

Preto céu que de estrelas não brilha.

As estrelas despencaram noutro dia
e, sem seus gases, se apagaram.

E a lua? Não sei, mataram-na, talvez.

Não encontro saída,
não enxergo o caminho.

Estou perdido.

Tenho os olhos bem abertos,
mas nada vejo além de trevas.

Como cego, vou tateando à minha volta,
e não toco em nada.

Nenhum passo posso dar,
porque nunca se sabe em que buraco se irá cair.

E não sei se foi a luz que me orientava a que se apagou
ou se minha alma a que enegreceu.

Só sei que tudo é escuro agora.

Chico Freitas

Mais uma vez saudade

De manhã, a luz branda pela janela e você;
e um pão quentinho e requeijão e você.

À tarde, risos e filmes e novelas
e carinho e sexo e você.

À noite, pizza e vitamina e um abraço e você;
e dormir de conchinha e braço dormente
e calor e frio e você.

Hoje, lembrar e sonhar e querer
e não ter e esperar e saudade... sem você.

Chico Freitas