Ouça, alguém bate à porta.
Veja o que há do lado de fora.
Sou eu, num cestinho de palha,
com um bilhete não assinado que só diz:
dê-lhe carinho!
Preciso que cuide de mim, cuide-me!
Estou aqui, tão só, indefeso,
abandonado à porta do seu orfanato,
faminto, sedento, com frio.
Cuide de mim, cuide-me!
Preciso de um pouco de amor
pra não morrer de solidão,
pra não morrer na escuridão profunda
da noite vazia e sem brilho.
Não quero mais chorar aqui fora,
leve-me pra dentro agora mesmo
e cuide de mim, cuide-me!
Me dê seu afeto, me dê seu cuidado,
me dê, me dê o que você tem pra mim,
me dê a chupeta, o brinquedo,
me dê um sorriso, um olhar de ternura,
um beijo sereno, me dê seu abraço
quentinho, seguro, me dê!
Sou criança carente, órfã de sonhos,
abandonada aos seis meses na sua porta.
Recolha-me! O que espera?
Me leve pra dentro e me afague,
me envolva em seus braços, me cuide!
Chico Freitas
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