domingo, 20 de março de 2016

Democracia

Eu vi gente de todas as cores:
gente preta,
gente branca,
gente amarela,
gente vermelha
e de todos os tons.

Vi gente sorrindo,
gente cantando,
gente sambando,
gente bradando:
GOLPE NÃO!
GLOBO NÃO!

Vi gente simples,
gente humilde,
de todas as classes.

Vi gente vestindo vermelho,
gente vestindo amarelo,
gente de verde,
gente de azul,
gente de laranja,
gente de rosa,
gente de branco,
gente de preto,
listrado,
xadrez,
sem pano,
pele ao sol.

Vi gente educada,
gente que respeita,
gente que abraça
as diferenças.

Vi gente de todos os sorrisos:
branco,
amarelo,
com todos os dentes,
faltando alguns dentes,
porém completos,
sorrisos sinceros.

Vi senhores,
senhoras,
homens,
mulheres,
garotos,
garotas,
eles,
elas,
e até quem não fosse
nem ele,
nem ela,
ou tudo.

Vi um rapaz
que nasceu com dois seios
e uma vagina,
que não se envergonha
de nenhuma parte do seu corpo,
que tira a camisa
como um ato político.

Vi duas mulheres
beijando-se à luz,
sem medo,
sem represálias,
sem julgamentos,
só amor, por favor!

Vi gente de partido,
gente sem partido,
gente de esquerda,
de centro,
de direita,
gente que sabe o que quer.

Vi gente de ônibus,
gente de barca,
de trem, de metrô.

Vi gente trabalhadora,
gente assalariada:
professores,
médicos,
advogados,
putas,
vendedores ambulantes,
garis,
aposentados.

O que eu vi naquela praça,
naquela sexta-feira,
foi o que não vi naquela avenida,
à beira da praia,
naquele domingo:
foi povo.

Vi o povo brasileiro,
em toda sua diversidade,
em toda sua alegria
de ser brasileiro.

O que eu vi foi democracia:
do grego, demos, 'povo',
e kratos, 'poder',
o poder do povo,
o povo no poder,
o povo unido,
todos pela democracia.

Chico Freitas

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